É inegável: a Record quase chegou lá. Todo o plano de liderança da Record teve sucesso até 2009. A emissora acumulava sucessos, como “Prova de Amor”, “Vidas Opostas” e até a mal falada “Caminhos do Coração”, que chegavam a liderar. O “Jornal da Record” alcançava 20 pontos de pico, “Pica-Pau” parava a televisão e qualquer notícia era vista de perto no “SP Record”. O “Hoje em Dia” era imbatível e o “Fala Brasil” barrava a ex-Record Ana Maria Braga e seu “Mais Você” na Rede Globo. Nos domingos, o “Domingo Espetacular” mudava a forma de se fazer revistas eletrônicas. Tudo fazia parecer que, em pouco tempo, a emissora da Igreja Universal iria competir de igual com a emissora dos Marinhos.
Não foi assim. O tempo passou e o morto SBT – aquele que o presidente Alexandre Raposo disse que nem era mais citado nas reuniões – voltou a ser o principal concorrente. Enquanto o SBT buscava corrigir seus erros, tendo uma programação fixa e investindo em telenovelas nacionais, a Record seguia pelo caminho oposto: apesar de ter um dos mais modernos centros de produção do Brasil, com capacidade de produzir até cinco novelas simultaneamente, só produz duas.
A Record perdeu a mão. Deu tempo para a Globo ver onde estava errando e se corrigir. As novelas da Vênus Platinada tem dado ótima audiência. E o pior é que as do SBT também. Na última terça-feira, “Carrossel” explodiu em audiência e marcou 14 pontos de média, contra 6 da Record no horário. No mesmo dia, “Rebelde” não foi tão bem assim: 6.3 contra 6.2 do “SBT Brasil”, o jornal que já chegou próximo a “zerar” no Ibope.
Por mais que digam que na Record o “dinheiro cai do céu”, em referência à Igreja Universal do Reino de Deus, a revista Veja trouxe na sua última edição uma notícia: a Record teve um prejuízo de 100 milhões no ano passado. A direção da emissora, claro, desmentiu prontamente e ainda fez as acusações clássicas contra a revista. Mas é inegável que a crise existe na Record, e é forte.
Corte nas horas extras, diminuição na produção de novelas, economia de energia e até o suposto corte dos papéis higiênicos da emissora. Tudo confirmado por José Luís Datena, o principal personagem da crise da Record. Contratado pra comandar a volta do “Cidade Alerta”, não durou duas semanas na emissora. Sem a estrutura prometida, voltou para a Rede Bandeirantes e ainda afirmou que nunca deveria ter saído de lá.
Os erros não param. Na última semana, vimos um dos maiores absurdos para a emissora que se diz de “primeira”: O “SP Record” – o telejornal que ‘tira férias’ – voltou ao ar e, três dias após, já havia saído do ar. É claro que o SBT também não ficou de fora: para atender aos anseios dos fãs, tirou o “SBT São Paulo” do ar sem avisar nem aos apresentadores. Mas este, pelo menos, ficou alguns meses.
A culpa de tudo é da megalomania dos diretores da Record, boa parte formada por religiosos da Igreja Universal do Reino de Deus. Homens que pode até entender de fé – não vamos entrar nessa discussão –, mas que ficou claro que não entendem absolutamente nada de televisão. A pressão por resultados de Edir Macedo é assustadora, assim como sua obsessão por ser a Rede Globo. Os bispos acabam metendo os pés pelas mãos e, sem saber, afundam ainda mais a Record, e ainda enfrentam oposição na própria igreja. Ou Macedo coloca a Record nas mãos de gente que entendem de TV, ou serão engolidos pela Band. “A Fazenda” é a última cartada. Se não der certo, “ou dá, ou desce”.
Por Luan Borges | @LuanBorges
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