quinta-feira, 26 de maio de 2011

Amor e Revolução, memória e polêmica

 Ficção e realidade se misturam na novela Amor e Revolução, do SBT. Ambientada nos anos de chumbo, a trama tem início em 1964, quando eclode o golpe militar que levou o país a uma ditadura, e se estende até a guerrilha do Araguaia, em meados dos anos 1970. Repressão, censura, conspiração e terrorismo são o pano de fundo de uma história de amor entre um militar e uma guerrilheira, exibida em horário nobre. Ao final de cada capítulo da novela, que estreou há seis semanas e terá 180 capítulos, o telespectador é brindado com um depoimento real – e impactante – sobre tortura e violência no Brasil daquele período. Personalidades famosas, como o ex-ministro José Dirceu, e desconhecidos compõe um painel de testemunhos sobre as práticas usadas pela ditadura militar para sufocar movimentos de resistência.

Um grupo de militares aposentados chegou a elaborar um abaixo-assinado contra a novela, mas a iniciativa não conseguiu impedir a exibição das cenas. Os primeiros capítulos do folhetim levaram ao ar imagens ficcionais fortes, mas seu autor tem declarado que passará a atenuar as cenas mais chocantes e investirá em romance e humor para evitar a rejeição do público. A ditadura continuará como pano de fundo, mas a telenovela ficará mais leve. O controlador do SBT, o apresentador Silvio Santos, chegou a comentar em um de seus programas que a telenovela poderia ter "mais amor e menos revolução". O programa Observatório da Imprensa, exibido ao vivo na terça-feira (17/05) pela TV Brasil, discutiu a contribuição dessa telenovela para o debate sobre a ditadura no Brasil.

Alberto Dines recebeu no estúdio do Rio de Janeiro o autor do folhetim, o dramaturgo Tiago Santiago, e Victória Grabois, vice-presidente do grupo "Tortura Nunca Mais". O novelista ajudou a escrever Vamp e Olho no Olho, na TV Globo, e foi roteirista do programa Linha Direta, entre outros trabalhos na mesma emissora. Na TV Record, foi consultor em teledramaturgia e assinou como autor titular a nova versão de A Escrava Isaura. Victória Grabois, professora e pesquisadora do Núcleo de Políticas Públicas em Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), perdeu o pai, o irmão e o primeiro marido na guerrilha do Araguaia. Em São Paulo, a convidada foi Eliana Pace, consultora em Comunicação. Pace trabalhou em jornais, emissoras de rádio e agências de publicidade. Em parceria com Mauro Alencar, doutor em Teledramaturgia pela USP e consultor da Rede Globo, assina as biografias das atrizes Nívea Maria e Elizabeth Savala, em fase final de elaboração, e estuda a trajetória da TV Paulista, que deu origem ao braço paulista da Rede Globo.


Por Lilia Diniz - a íntegra está disponível no Observatório da Imprensa
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/

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